Desde o ensino fundamental até a universidade, a Dra. Carolina Candia resgata o que tem significado ter sido formada na educação pública. Na sua passagem pela Faculdade de Química e Biologia lembra com gratidão sua experiência de pregrado no laboratório da Dra. Betty Matsuhiro e o que posteriormente seria seu trabalho no Laboratório de Físico-Química de Superfícies do Dr. Jorge Pavez após ter ingressado no Doutorado em Química da Universidade de Santiago, etapa que marcou sua vocação científica e que hoje continua fortalecendo com pesquisas em síntese de metaloporfirinas e sua aplicação em Estruturas Orgânicas Covalentes (COFs, por sua sigla em inglês).
“Honestamente nunca pensei que acabaria trabalhando neste tipo de materiais, estava buscando sistemas que foram utilizados como catalisadores e durante esse período de busca bibliográfica encontrei uns papers (trabalhos acadêmicos) de COF e eu me apaixonei”, afirma. Com sua pesquisa, espera aprofundar na melhora de sistemas e o conhecimento de alternativas energéticas limpas.
Durante sua estadia no King’s College, uma das universidades mais prestigiosas do mundo, reconhecida especialmente por sua excelência em pesquisa científica e sua abordagem interdisciplinar, Carolina estudará a síntese de COFs baseados em porfirinas em camadas ultrafinas que são sintetizadas diretamente sobre superfícies (tipo bottom-up), para logo realizar um analise de transporte eletrônico, explorando uma inovadora técnica baseada em controle eletroquímico.
“No KCL é promovida a colaboração entre diferentes disciplinas para abordar desafios globais como a sustentabilidade e a redução do impacto ambiental em áreas como a manufatura, o transporte ou a infraestrutura urbana onde, além disso, vincula-se com políticas públicas buscando uma mudança real e um impacto direto na sociedade”, acrescenta a pesquisadora, que também é consciente de representar à Faculdade e à Universidade “já que é onde eu me formei e tenho um sentimento de pertença muito forte”.
Particularmente, Carolina expõe que essa experiência não representa somente um passo profissional, senão que também um compromisso com sua formação e com a educação pública. “Acredito firmemente que a educação pública tem o poder de transformar vidas. Permitiu-me chegar desde uma região a estudar uma carreira científica na capital (Santiago) e hoje abre a porta para me especializar fora do país”, comenta.
Projetando o que vai ser seu retorno, a Dra. Candia aspira à adjudicação de um Fondecyt Iniciação (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) ou “algum projeto que me permita continuar fazendo pesquisa formando meu próprio grupo aquí na Usach. Desta forma, espero poder retribuir diretamente à universidade pública onde me formei, liderando uma equipe que contribua à geração de conhecimento desde o Chile e que incentive novas gerações de cientistas”, acrescenta.
Nesse mesmo futuro apela pelo apoio financeiro que deve ter a pesquisa. “Conheço pessoas talentosas que devem estar trabalhando em vários lugares para se manter na academia. Como universidade estatal devemos nos fortalecer e criar as condições para que essas pessoas continuem em nossa casa de estudos contribuindo desde a docência e os laboratórios. Apoiar a ciência é apostar pelo desenvolvimento de nossa instituição e do país”, conclui.